sábado, outubro 21, 2006

Portugal e a Crise de Valores II

O Fenómeno Jet-Set

Se há algo que em Portugal tem ganho cada vez mais relevância é aparecer na televisão. O motivo não interessa desde que se consiga cinco minutos de fama. Mas afinal o que é que explica este desejo patológico de aparecer, de ser conhecido, que tem vindo a tomar conta dos portugueses?
É esta a pergunta à qual tentarei responder dentro das minhas capacidades. Não sou sociólogo nem psicólogo e como tal limitar-me-ei a dissertar enquanto estudioso da História e do Direito.
Ora, com a ascensão da televisão, tornou-se claro que uma nova classe estava também a nascer: a classe das "figuras televisivas". Estas pessoas com excepção dos actores (e refiro-me a actores a sério não a essa nova praga de meninos- modelos que aparecem porque têm dois dedos de cara, mas que de actores nada têm) e os jornalistas sobre os quais não farei agora nenhum tipo de consideração, são pessoas que não fazem nada das suas vidas. São eles o chamado "Jet-Set", ou seja, um grupo de senhoras e (menos frequentemente mas também) senhores, que vivem à custa precisamente de aparecer. Mas não aparecem porque são culturalmente interessantes...limitam-se a aparecer e a dizer duas ou três frases feitas. Alguns destes julgam que escrevem livros e como tal auto-intitulam-se  escritores, mas julgam somente serem-no porque aquilo que escrevem está publicado em forma de livro. Dificilmente se pode considerar aquilo literatura. Outros aparecem para comentar as vidas alheias, outros fazem da sua própria vida um comentário e outros que, não satisfeitos com a
"notoriedade" (aqui no sentido de serem notados, não como elogio) alcançada, prestam-se às mais degradantes figuras.
São criaturas curiosas as pessoas que compõem o tal "Jet-Set". Vivem e alimentam-se de festas, cocktails e revistas. Curiosamente o povo português parece querer seguir-lhes as pegadas. Vêem neles ídolos, figuras queridas, e incentivam os mais jovens a serem como eles. O dito "Jet-Set" impõe uma autêntica ditadura estética e de hábitos que deformam qualquer ser humano digno e respeitável. É a ditadura das roupas, do cabelo, do peso, em suma, de tudo o que há de fútil.
Porque quererá então o Português seguir-lhes as pegadas?
Vislumbro variados motivos. Uns querem também ser conhecidos, outros pensam enriquecer à custa da sua imagem e outros querem mostrar ao Mundo que existem, mesmo que o Mundo não lhes ligue nenhuma. Esta última atitude será, talvez, um caso clínico.
A febre das novelas juvenis, dos reality shows, dos concursos, invadiu Portugal ao ponto dos jovens quererem viver para a televisão. Fazer televisão deixou de ser uma arte complicada e passou a ser um desfile de figuras a roçar o patético em busca de um copy/paste da sociedade britânica mas onde falta um dos pilares básicos : um elevado nível educacional.
Salientaria ainda outro aspecto curioso: as tais figuras do "Jet-Set" gostam de se fazer passar por pessoas muito vividas e sabedoras de tudo. Pois eu creio que se formos buscar a uma aldeia qualquer uma dona Maria, esta saberá mais sobre as vicissitudes da vida do que a tal "pessoa importante do Jet-Set". E porquê?
Porque a dona Maria não foi criada em berço de ouro nem é viúva de um industrial rico. Porque a dona Maria teve de trabalhar toda uma vida para colocar o pão na mesa dos seus filhos e lhes dar o mínimo de estudos para que estes possam pelo menos ter uma oportunidade que a dona Maria não teve.
É compreensível, no estado financeiro em que o País se encontra, que os portugueses almejem ser como a figura do "Jet-Set" e não como a dona Maria. Mas é muito mais digno ser como a dona Maria e trabalhar honestamente e com humildade e esperar a recompensa pelo esforço, em vez de ser um parasita social que vive somente daquilo que aparenta ser.
Porque, para mim, a dona Maria merece muito mais consideração e louvor...e é pena que não seja uma opinião partilhada pela maioria.

David Baptista Silva
Lisboa, 21 de Outubro de 2006

quinta-feira, outubro 05, 2006

Reflexões sobre o 5 de Outubro

Na data em que se comemora o aniversário da implantação da República, parece-me pertinente que sobre ela façamos algumas reflexões. É Portugal um país melhor sem a Monarquia? Fará sentido o seu regresso? Presidente e Assembleia da República: sucessos ou fracassos? E a relação da República com a Madre Igreja?
Serão estes alguns dos temas que abordarei em linhas muito gerais.

I
Portugal e a Monarquia: um regresso desejado?

Quando questionados sobre se desejamos o regresso da Monarquia, a maioria dos portugueses diz que tal regresso é desnecessário. A afirmação poderia ser levada como vinculativa, não fossem os portugueses um povo de paixões. Por outras palavras, ao português é-lhe indiferente se o país é uma República ou uma Monarquia. Ao português comum interessa mais o seu salário ao fim do mês e os jogos da selecção nacional.
Mas analisemos então esta questão da importância ou não da Monarquia.
Historicamente, Portugal foi um país muito melhor nos primeiros 100 anos da Monarquia do que nestes primeiros 100 anos de República. Contudo os últimos 100 anos de Monarquia foram piores do que os primeiros 100 de República. Esta dúvida de afinal qual é o melhor regime quanto a mim não se deve ver do prisma matemático.
A meu ver a questão não está em quem governa o país - Rei ou Presidente - mas sim na maneira como o país é governado. Nenhuma das três Repúblicas que já governaram e governam Portugal conseguiram prestigiar o país da mesma forma como o país foi prestigiado durante os anos dos descobrimentos ou do Império. Aqui é um ponto a favor da Monarquia. Mas veja o leitor que a Monarquia teve mais tempo para alcançar esse prestígio do que a República. Será que Portugal não beneficiaria com o regresso da Monarquia? Uma monarquia parlamentar nos moldes da Monarquia Inglesa talvez resolvesse alguns dos problemas, nomeadamente um que considero fundamental para o prestígio da Nação: a sua representação além-fronteiras. Pessoalmente não creio que um Presidente que de 5 em 5 anos vê o seu lugar em risco possa prestigiar a Nação. O Rei nesse aspecto representa muito mais as tradições, os valores e a soberania de Portugal. São um ícone da Nação e Portugal está a precisar de ícones. É por isso que a meu ver a República falhou e falhou redondamente, pois não soube prestigiar a Pátria de Camões e de tantos outros heróis lusos.
Concluímos assim que a Monarquia seria hoje mais desejável no sentido de restituir o prestigio a Portugal, uma vez que nas outras áreas poucas diferenças se notariam entre a Assembleia Republicana e a Assembleia Monárquica.

II
O Presidente e a Assembleia da República

No que concerne ao papel do Presidente da República, já o dissemos, tem sido a meu ver um fracasso. Com muito poucos poderes, o Presidente de Portugal está remetido para um quadro de segundo plano, mero bibelô da República que supostamente deve representar Portugal no estrangeiro.
Não me parece que tenha sido até hoje um factor de credibilização. Um Estado que se sujeita a que um indivíduo o represente mas cujo lugar treme de 5 em 5 anos não nos parece uma boa estratégia de demonstração de solidez ou soberania de um país. Que os governos da Nação mudem muito bem, mas parece-me essencial que em Portugal exista alguém que se mantenha fixo como fio condutor da Nação e das suas políticas e tradições, da sua soberania.
Ao que à Assembleia diz respeito, seja na Monarquia ou na República, parece-me um órgão obsoleto a precisar no mínimo de óleo senão mesmo de uma substituição. O excessivo número de deputados que em muitos casos nada fazem em prol da Nação impede os mais qualificados de debaterem seriamente uns com os outros. A incompetência de muitos parlamentares leva por consequência à criação de Leis negativas, feridas à nascença pela espada da incompetência daqueles que as criaram. E não há nada mais mortal para uma Nação do que leis mal feitas. Também a Assembleia carece portanto de uma limpeza e arrumação rápidas a bem da própria Nação.

III
A República e a Madre Igreja

É mais que sabido que a relação das três Repúblicas com a Igreja tem sido uma relação de amor/ódio.
A 1ª República foi abertamente anti-clerical senão mesmo anti-cristã. As acções por ela levadas a cabo contra a Igreja de Roma superaram em muito a guerra do Marquês de Pombal com a Companhia de Jesus. Não devemos por isso considerar que seja a 1ª República motivo de orgulho para qualquer cristão.
Com o advento do Estado Novo e da 2ª República, a Igreja viu serem-lhe devolvidos poderes que eram seus por direito. O Estado no entanto, e cumpre recordá-lo, manteve-se laico. A educação voltou em muitos casos a ser ministrada pela Igreja e esta teve ainda um papel importante em acções de solidariedade e transmissão da cultura lusa às províncias do ultramar.
Já na actual 3ª República voltamos a sentir os ventos do anti-cristianismo que sopram das sepulturas da 1ª República e isso é no mínimo lamentável. A 3ª República, primeiro atacou a igreja em geral acusando-a de ser reaccionária e saudosista do anterior regime. Depois despromoveu a disciplina de religião e moral a mera "cadeira opcional". Em seguida a 3ª República atacou os crucifixos que algumas escolas públicas optavam por ter nas aulas e agora prepara-se para "limpar" o País das últimas raízes que o ligam ao cristianismo, expulsando a Igreja das cerimónias de Estado colocando-a ao lado das seitas minoritárias como o islamismo e o judaísmo.
Seria bom que algo travasse estes ventos de loucura mefistofélica que varre os homens de estado da 3ª República a bem da própria República porque o povo português é e sempre foi cristão e certamente não vai gostar de se ver ostracizado no seu próprio país.

Em suma, destes três tópicos que abordei superficialmente, não me parece que algum deles dê motivos para celebrar a República. Antes pelo contrário. Só dá motivos para que rezemos para que a República actual não aniquile de uma vez a Nação soberana milenar à beira-mar plantada à qual os nossos avós deram o nome de Portugal.

David Baptista Silva
Lisboa, 5 de Outubro de 2006

domingo, outubro 01, 2006

Portugal e a Crise de Valores I

Juventude e Decência

Gostava de começar este espaço analisando um tema que me tem ocupado a mente nos últimos tempos: a crise dos valores de decência na juventude de hoje.
Parece que neste nosso Portugal de hoje, um espírito de libertinagem e imoralidade tomou conta da população especialmente das camadas mais jovens. Somos confrontados diariamente com tristes espectáculos de troca de afectos entre os jovens seja nas ruas, nos bares, jardins, faculdades, escolas, transportes públicos, até às portas de espaços Sagrados como cemitérios ou Igrejas.
Mas cuidará o leitor que são simples abraços ou passeios a dois? Desengane-se. Hoje em dia o nível de depravação é tal que o humilde transeunte está sujeito a ter de se cruzar com autênticos rituais osculares e cenas de intimidade a roçar o pornográfico.
Não devemos no entanto ser apressados e culpar os jovens por estas atitudes. A culpa não é inteiramente deles. Limitam-se a agir de acordo com a forma como foram educados.
Culpamos então os pais?
Seria ingénuo fazê-lo. Neste mundo moderno o papel dos pais na educação dos filhos é, infelizmente, cada vez mais diminuta. Os colegas de escola e a televisão trataram de se fazer substituir aos pais.
E que vemos nós na televisão? Lixo. Puro e simples lixo televisivo.
Tempos houve, e não há muito, em que as cenas de intimidade explicita em qualquer tipo de programa só passavam na TV depois da meia-noite.
Hoje em dia não. As cenas de sexualidade são uma constante nos espaços televisivos e o convite à depravação o pão-nosso de cada dia. As crianças estão a ser educadas para a sua própria destruição. A imoralidade é a sua professora e a estupidez a sua amiga de escola. Como podemos criticar os jovens pelas suas atitudes quando estes são educados no seio destas mesmas?
Mas não é a televisão o único carrasco desta juventude, e sobre o declínio da qualidade na televisão deixaremos para outro texto.
Observemos agora outro grande culpado: aquilo a que se chamam de "espaços de diversão nocturna", vulgo discotecas. Estes locais não são mais do que antros de depravação e pouca-vergonha. Autênticos espaços infernais onde os jovens são convidados a envolverem-se uns com os outros sem qualquer tipo de relação prévia sequer, tudo regado por litros e litros de bebidas alcoólicas que lhes são vendidas sem qualquer entrave. E os jovens entregam-se a estas atitudes porque alguém (a televisão também) lhes meteu nas suas pobres cabecinhas que a estes actos se chamava "diversão" e "aproveitar a vida". Tristeza. Os jovens rompem com este tipo de atitudes os mais básicos conceitos de diversão e desprezam a cultura. Sim caro leitor. Experimente a uma sexta-feira à noite ir a uma discoteca e a um teatro e verá onde estão os jovens.
Além disso toda esta nova forma de ver a vida só poderá levar à total perda dos valores civilizacionais europeus. Os jovens com as suas atitudes conseguem distorcer até o próprio sentido do amor.
Quando Cristo disse "Amai-vos uns aos outros" não foi no sentido de "andai a saltitar de par em par pois aquele que o fizer mais vezes ganhará um prémio".
Será assim tão estranho almejar uma sociedade onde os rapazes voltem a cortejar as raparigas decentemente, onde o cavalheirismo não seja visto como ofensa à igualdade dos sexos, onde as raparigas não sejam tão depravadas e oferecidas e voltem a ser um símbolo de pureza?
Não se trata de retirar direitos às mulheres ou aos homens. Trata-se de educar verdadeiramente os jovens para o amor, para a decência.
Creio que aqui reside a diferença. Na educação. Educar para a sexualidade e para a protecção contra as doenças sexualmente transmissíveis não deveria nunca ser, como é, sinónimo de campanhas publicitárias pornográficas a preservativos. Entreter os portugueses nos serões não deveria ser sinónimo de dar carta branca a filmes e novelas cujo único objectivo é mostrar os seios desta ou daquela actriz ou relações entre actores. Namorar não deveria ser sinónimo de troca de fluidos publicamente ou um contrato de interesses que se quebra do dia para a noite. É preciso compreender que há lugar e altura para tudo na vida e que há coisas para as quais não deveria haver sequer lugar e altura. Já que não se respeita os mais velhos ou os iguais...ao menos que o fizessem por respeito aos mais novos, aqueles que serão o futuro de Portugal.

David Baptista Silva
Lisboa, 1 de Outubro de 2006

sábado, setembro 09, 2006

Pensar Portugal

Numa altura em que o país de encontra desgastado com as crises consecutivas, as agitações sociais, a insegurança, urge repensar Portugal.
O País clama por um melhor sistema judicial, por mais segurança, por mais ordem, por melhor educação.
Urge pensar Portugal, pensar o que queremos nós portugueses deste nosso País à beira mar plantado, fruto do amor de Deus e da força de um povo. Vamos pensar Portugal. Vamos continuar Portugal!