Gostava de começar este espaço analisando um tema que me tem ocupado a mente
nos últimos tempos: a crise dos valores de decência na juventude de hoje.
Parece que neste nosso Portugal de hoje, um espírito de libertinagem e
imoralidade tomou conta da população especialmente das camadas mais jovens.
Somos confrontados diariamente com tristes espectáculos de troca de afectos
entre os jovens seja nas ruas, nos bares, jardins, faculdades, escolas,
transportes públicos, até às portas de espaços Sagrados como cemitérios ou
Igrejas.
Mas cuidará o leitor que são simples abraços ou passeios a dois?
Desengane-se. Hoje em dia o nível de depravação é tal que o humilde transeunte
está sujeito a ter de se cruzar com autênticos rituais osculares e cenas de
intimidade a roçar o pornográfico.
Não devemos no entanto ser apressados e culpar os jovens por estas atitudes.
A culpa não é inteiramente deles. Limitam-se a agir de acordo com a forma como
foram educados.
Culpamos então os pais?
Seria ingénuo fazê-lo. Neste mundo moderno o papel dos pais na educação dos
filhos é, infelizmente, cada vez mais diminuta. Os colegas de escola e a
televisão trataram de se fazer substituir aos pais.
E que vemos nós na televisão? Lixo. Puro e simples lixo televisivo.
Tempos houve, e não há muito, em que as cenas de intimidade explicita em
qualquer tipo de programa só passavam na TV depois da meia-noite.
Hoje em dia não. As cenas de sexualidade são uma constante nos espaços
televisivos e o convite à depravação o pão-nosso de cada dia. As crianças estão
a ser educadas para a sua própria destruição. A imoralidade é a sua professora
e a estupidez a sua amiga de escola. Como podemos criticar os jovens pelas suas
atitudes quando estes são educados no seio destas mesmas?
Mas não é a televisão o único carrasco desta juventude, e sobre o declínio
da qualidade na televisão deixaremos para outro texto.
Observemos agora outro grande culpado: aquilo a que se chamam de
"espaços de diversão nocturna", vulgo discotecas. Estes locais não
são mais do que antros de depravação e pouca-vergonha. Autênticos espaços
infernais onde os jovens são convidados a envolverem-se uns com os outros sem
qualquer tipo de relação prévia sequer, tudo regado por litros e litros de
bebidas alcoólicas que lhes são vendidas sem qualquer entrave. E os jovens
entregam-se a estas atitudes porque alguém (a televisão também) lhes meteu nas
suas pobres cabecinhas que a estes actos se chamava "diversão" e
"aproveitar a vida". Tristeza. Os jovens rompem com este tipo de
atitudes os mais básicos conceitos de diversão e desprezam a cultura. Sim caro
leitor. Experimente a uma sexta-feira à noite ir a uma discoteca e a um teatro
e verá onde estão os jovens.
Além disso toda esta nova forma de ver a vida só poderá levar à total perda
dos valores civilizacionais europeus. Os jovens com as suas atitudes conseguem
distorcer até o próprio sentido do amor.
Quando Cristo disse "Amai-vos uns aos outros" não foi no sentido
de "andai a saltitar de par em par pois aquele que o fizer mais vezes
ganhará um prémio".
Será assim tão estranho almejar uma sociedade onde os rapazes voltem a
cortejar as raparigas decentemente, onde o cavalheirismo não seja visto como
ofensa à igualdade dos sexos, onde as raparigas não sejam tão depravadas e
oferecidas e voltem a ser um símbolo de pureza?
Não se trata de retirar direitos às mulheres ou aos homens. Trata-se de
educar verdadeiramente os jovens para o amor, para a decência.
Creio que aqui reside a diferença. Na educação. Educar para a sexualidade e
para a protecção contra as doenças sexualmente transmissíveis não deveria nunca
ser, como é, sinónimo de campanhas publicitárias pornográficas a preservativos.
Entreter os portugueses nos serões não deveria ser sinónimo de dar carta branca
a filmes e novelas cujo único objectivo é mostrar os seios desta ou daquela
actriz ou relações entre actores. Namorar não deveria ser sinónimo de troca de
fluidos publicamente ou um contrato de interesses que se quebra do dia para a
noite. É preciso compreender que há lugar e altura para tudo na vida e que há
coisas para as quais não deveria haver sequer lugar e altura. Já que não se
respeita os mais velhos ou os iguais...ao menos que o fizessem por respeito aos
mais novos, aqueles que serão o futuro de Portugal.
David Baptista Silva
Lisboa, 1 de Outubro de 2006
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